segunda-feira, 27 de outubro de 2008

(continua a partir da última palavra do post anterior) na expressão húmida e cintilante que se adensa à procura do balcão da TAP de mim sempre a trabalhar no escritório vens a correr para o meu colo, porque tens sempre a mesma sentença silenciosa para me exarar olho-no-olho:
Talvez um dia também faças o mesmo que eu o meu pai o pai dele ousámos desfazer em nossas casas, e não te demovas de aterrar em Schiphol apanhar o comboio até Groningen para concluíres o teu curso de História da Arte vais ficando por lá encontras outro alguém que te ama casas tens os teus filhos e o desígnio de palimpsesto para todos nós seja vivermos a prazo afastados uns dos outros de geração em geração voluntária.
«Deu positivo. Estou grávida.» De início, não me concentrei na voz de Maria Helena ao telefone não me aconteceu o sentimento instantâneo da paternidade à noite tê-la-ia delicada nos meus braços porque foste desejada planeada a todo instante, deslizando a mão sobre o ventre onde fecunda o futuro da tua existência
(volto do aeroporto para Leiria estás a aterrar em Amesterdão não tarda)
«Deu positivo.» Estás incrustada na gravidez da tua mãe, mas se queres que te diga não me emocionei com a tua realidade recém-chegada porque estava no escritório a trabalhar, à noite eu e a mãe fomos ao Restaurante de onde se vê o castelo a flutuar sobre a cidade, onde cresceste a tua infância teus amigos a escola o ballet no Orfeão tua adolescência no Terreiro com ordens expressas de chegares cedo à casa os namoricos os copos, tua cidade que vais trocando a cada vez que aterras em outro país, nessa noite bebi além da conta embriaguei-me sem tropeçar nos sentidos amei Maria Helena penetrei-a com o pudor velado de não transgredir o milagre da tua fecundação
a paternidade não é uma epifania, descobri que
volto do aeroporto para Leiria estás a aterrar em Amesterdão não tarda és uma mulher de compromissos falas fluentemente o inglês, conforme me aproximo de casa enjoa essa morrinha de me habituar a ser pai a distância como um utensílio que se torna apenas figurativo

8 comentários:

meus instantes e momentos disse...

vim conhecer teu blog, Gostei daqui.
Ótimo esse texto, parabens ,muito bom.
Maurizio

Fernanda Magalhães disse...

Hummm cantinho novo...Ta charmoso.

Saudades tbem...

Bjos de luz!

:.tossan® disse...

Ler Mandoki pra mim é empolgante, agora conheci a outra página diferente, mas com a mesma competência e gostei muito. Abraço

Maria Lucia disse...

Olá amigo, tudo bem contigo?
Olhe eu estou gostando muito,voce escreve muito bem. Houve uma frase que me remeteu à minha infância quando você escreve:....
beijas-me a fugir no rosto queixas-te da barba...
Isso realmente me fez lembra muito do meu falecido pai, pois eu sempre tinha a mesma atitude rs...
Bj carinhoso

Anônimo disse...

Outro blog ;)
Nos últimos dias ou meses, tantas pessoas tem comentado no meu blog que me perco. Também umtimamente não tenho escrito muita coisa além do blog, acho que minhas palavras estão pequenas.

Obrigada pelos teus comentários, são pessoais, gosto disso.
Beijo!

Unknown disse...

muito interessante.

bjosss...

**Viver a Alma** disse...

Salvé!
Vim até aqui através do Mundo Azul.
Achei-o muito apaixonado...
Vivências...
Ontem
Hoje
Amanhã
nesse eterno AGORA!

O que virá depois?
Sem o "eu"...

Até sempre...

Mariz

Dina disse...

Amigo,
Todos os dias deste ano,
Você esteve presente.
Fazendo-me sorrir quando eu mais queria chorar.
Todas suas palavras confortaram
Meu coração quando eu mais precisei.
E é com todo carinho que desejo
Tudo de bom na sua vida,
Um Natal repleto de alegrias.
E que todos seus sonhos se tornem realidade neste
E em todos os Natais que ainda virão.
Um forte abraço.
ESTOU SAINDO DE FÉRIAS NESTA SEXTA..... E SÓ RETORNAREI EM JANEIRO, PORISSO VENHO AQUI DESEJAR...... quetenhas um Natal abençoado, maravilhoso e um Ano Novo cheio de realizações!!!
Beijos em seu coração............ Dina